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Guten Tag, Gute Nacht und auf Wiedersehen!

Quis o destino que na campanha europeia do Sporting calhasse em sorte uma equipa germânica. Esta quinta-feira, em Alvalade, os leões defrontam o Bayer Leverkusen, para a primeira mão dos 16 avos de final da Liga Europa.
 
Uma partida de extrema importância para o destino do Sporting na competição, mas que traz à memória dos adeptos outros tantos episódios que a história teima em não apagar e outros que ainda podem ser escritos.
1. Uma estreia com o pé esquerdo
 
Começou mal a estreia dos leões frente a equipas alemãs. O primeiro encontro remonta à época de 1970/71, frente ao FC Carl Zeiss Jena, equipa da cidade de Jena que agora milita nos distritais.
 
O primeiro embate entre leões e germânicos terminou com duas derrotas por 2-1, primeiro em Jena, e depois em Alvalade. Marinho e Gonçalves apontaram os golos do Sporting, insuficientes para seguir em frente. Os leões que vinham de uma vitória por 9-0 sobre os malteses do Floriana, no conjunto das duas mãos da 1ª ronda, viram o sonho de chegar mais longe na Taça dos Campeões Europeus esbarrar no «muro de Jena».
 
2. «Guten Tag!» ao Leverkusen foi há 19 anos e pela mão de um atual dirigente
 
É verdade. Sporting e Leverkusen são já velhos conhecidos. O primeiro embate entre ambas as equipas, duplo por sinal, aconteceu em 1997, já na fase de grupos da atual Liga dos Campeões. Um duelo que terminou novamente com desaire e eliminação. O 0-2 em Alvalade e o 4-1 na Bayer Arena (antigo Ulrich-Haberland-Stadion) ditaram o adeus prematuro do Sporting à competição.
 
Foi também o reencontro dos leões com os germânicos após doze anos sem sequer dizerem um bom dia.
 
Mais um pormenor curioso. O Sporting de então era orientado por (tambores) Octávio Machado, esse mesmo, atual diretor para o futebol dos leões. Coincidências caros leitores!
 
3. Leões nunca encontraram «cura» para o emblema da farmacêutica
 
Sporting e Bayer Leverkusen haveriam de encontra-se novamente em 2000, também na fase de grupos da Liga dos Campeões. No primeiro jogo, na Alemanha, o Bayer venceu por 3-2, mas em Alvalade os leões anularam o adversário e o encontro terminou com um empate a zeros. Os verde e brancos acabariam eliminados nessa mesma fase, tal como os germânicos.
 
Portanto, feitas as contas, três derrotas e um empate em quatro jogos já disputados entre as duas equipas. Nunca os leões conseguiram triunfar sobre o Leverkusen.
 
4. Página mais negra do Sporting europeu tem assinatura alemã.
Capítulo IV, o pesadelo de Munique.
 
O primeiro encontro prometia coisas boas, mas no segundo os bávaros partiram logo para a destruição, naquela que foi uma das páginas mais negras da história europeia do Sporting. O duplo confronto com o Bayern de Munique ficou na lembrança dos sportinguistas pelos maus motivos. Em 2006, ano de Mundial, leões e bávaros defrontaram-se para a fase de grupos da Champions e nem tudo correu mal. Uma derrota em Alvalade por 1-0 foi amenizada com o empate a zeros arrancado em Munique.
 
Mas, três anos depois, a história foi bem diferente. O Sporting havia conseguido um feito digno de registo, ao passar aos oitavos de final da Liga dos Campeões. Mas pela frente encontrou um poderoso Bayern de Munique, treinado por Klinsmann, que não facilitou em nada a tarefa leonina. Dupla humilhação, primeiro em Alvalade, num encontro que terminou com um expressivo 5-0 a favor dos bávaros. Mas o pior ainda estava para vir. Em Munique, Lukas Podolski deu início a um festival de golos, que só terminou nos sete. 7-1 foi o resultado final, 12-1 o montante das duas mãos. A pior derrota europeia da história dos leões teve assinatura alemã.
 
5. O agora capitão quebrou um jejum de quase 40 anos
 
Lá diz o povo que depois da tempestade vem a bonança, e a verdade é que o desaire de Munique levantou, por instantes, um leão europeu bastante ferido. Curiosamente, esta quinta-feira, em Alvalade, vai estar um jogador que foi responsável pelo primeiro triunfo do Sporting frente a equipas germânicas.
 
É ele o capitão Adrien Silva. Em 2009, e logo no segundo jogo dos leões na Liga Europa, o médio, com 20 anos na altura, apontou o golo solitário que valeu o triunfo em Alvalade sobre o Hertha de Berlim, pondo fim a um jejum de vitórias que durava já há 39 anos (desde 1970).
 
Uma partida agridoce para Adrien, uma vez que acabaria expulso já nos minutos finais.
6. A História não quer mesmo nada com os alemães
 
Por esta altura já deve ter percebido não é verdade? Sim, a história diz que embates com equipas alemãs são sinónimo de derrota para o Sporting.
 
No total, os leões somam já 22 jogos oficiais frente a conjuntos germânicos, e perderam mais de metade deles (14). Vitórias são apenas 2, a tal com o Hertha e mais recentemente com o Schalke 04 (4-2 em 2014). Empates são 6 ao todo. Importante destacar também os 44 golos sofridos pela equipa portuguesa, contra apenas 18 marcados, o que dá uma média de 2 golos sofridos por jogo.
 
O confronto com o Bayer Leverkusen tem a particularidade de ser a primeira vez em que os leões defrontam a mesma equipa alemã pela terceira vez, o que pode ser uma oportunidade para quebrar as estatísticas recentes.
 
E há um homem que pode ter algo a dizer…
 
7. Jesus poder dar um chuto na «maldição» germânica
 
No futebol não há milagres, e por isso a História não pode ser refeita, mas aos comandos da equipa leonina está alguém que pode ajudar na tarefa de construir uma nova. Jorge Jesus precisamente.
 
No currículo pessoal, o treinador soma mais do dobro de vitórias sobre alemães do que em toda a história do Sporting. E é engraçado perceber como Jesus e o Sporting coincidem num ponto. A primeira vitória do técnico frente a conjuntos alemães foi precisamente diante do Hertha de Berlim, e também para os 16 avos de final da Liga Europa. Em 2009, a vitória por 4-1 na Luz foi importante para uma caminhada que só terminou nos quartos de final.
 
Em 13 jogos frente a adversários alemães, Jesus leva para já 6 derrotas, mas está muito perto de igualar esse registo em vitórias, uma vez que já leva 5. Empates tem apenas 2.
 
Ainda que o saldo não seja assim tão otimista, será decerto um bom indicador para esta eliminatória, uma vez que, em jogo, estará também a hipótese de JJ dar uma cambalhota nas estatísticas e virar os registos a seu favor. Um duplo triunfo frente ao Bayer Leverkusen permitirá ao técnico dos leões arrecadar mais vitórias que derrotas.
 
Ainda para mais, e como o próprio já fez questão de lembrar, o Leverkusen é um adversário que bem conhece, visto que já o defrontou por duas vezes, ambas ao serviço do Benfica. Em 2012, na primeira vez que se defrontaram, os encarnados conseguiram passar aos oitavos de final da Liga Europa com duas vitórias (0-1 e 2-1), deixando a equipa alemã pelo caminho.
O Leverkusen não gostou da eliminação e dois anos depois vingou-se. Na Liga dos Campeões, os alemães venceram no primeiro jogo em casa por 3-1 e conseguiram um nulo na Luz, afastando as águias da Champions, ainda na fase de grupos.
 
Ou seja, até neste aspeto o terceiro embate frente ao Bayer Leverkusen ganha uma curiosidade acrescida. Se há alguém que pode ter o «remédio» para os homens da farmacêutica, mais até do que para os alemães em geral, esse alguém é Jesus.
 
Curiosidades são muitas, os triunfos é que escasseiam. Segundo o que a História indica, o Sporting parte claramente em desvantagem para o encontro com o Bayer Leverkusen. Mas, com Jesus ao leme, os leões podem ter mais uma oportunidade para chutar para canto uma maldição que já deu que falar durante muitos anos.
Registo histórico de confrontos entre o Sporting e equipas alemãs:
Época Competição Fase Equipa 1ª Jogo 2ª Jogo
1970/71 Taça Campeões Europeus 2ª Ronda FC Carl Zeiss Jena 2-1 (D) 2-1 (D)
1973/74 Taça das Taças Meias-finais 1. FC Magdeburg 1-1 (E) 2-1 (D)
1979/80 Taça UEFA 2ª Ronda Kaiserslautern 1-1 (E) 2-0 (D)
1985/86 Taça UEFA Quartos-final Colónia 1-1 (E) 2-0 (D)
1997/98 Liga Campeões Fase Grupos Bayer Leverkusen 2-0 (D) 4-1 (D)
2000/01 Liga Campeões Fase Grupos Bayer Leverkusen 3-2 (D) 0-0 (E)
2006/07 Liga Campeões Oitavos-final Bayern Munique 1-0 (D) 0-0 (E)
2008/09 Liga Campeões Fase Grupos Bayern Munique 5-0 (D) 7-1 (D)
2009/10 Liga Europa Fase Grupos Hertha Berlim 1-0 (V) 1-0 (D)
2014/15 Liga Campeões Fase Grupos Schalke 04 4-3 (D) 4-2 (V)
2014/15 Liga Europa 16 Avos-final Wolfsburgo 2-0 (D) 0-0 (E)
 

 

 

O que significa uma vitória nas duas primeiras jornadas da Champions?

Uma vitória nas duas primeiras jornadas na fase de grupo da Liga dos Campeões? No caso do Sporting é uma soma positiva, ainda para mais verificando que os leões já se deslocaram ao reduto daquele que Jorge Jesus considera o favorito a passar em primeiro: o Real Madrid. Ainda assim, a história mostra-nos que sempre que os verdes e brancos venceram um dos primeiros dois embates nesta fase da competição, só por uma vez passaram aos ‘oitavos’.
 
Aconteceu na temporada 2008/09, quando, depois de uma derrota por 3-1 na visita a Barcelona, a formação então comandada por Paulo Bento recebeu e bateu os suíços do Basileia, por 1-0. O apuramento viria a ficar fechado diante dos ucranianos do Shakhtar Donetsk, em casa, com um golo solitário de Derlei.
 
Resta referir que em todas estas participações na fase de grupos da Liga dos Campeões, o Sporting, vencendo um dos primeiros dois jogos, acabou uma vez por ser relegado para a Liga Europa: na época 2007/08.
Veja o contributo de cada clube português
As contas atualizadas, depois dos jogos da quarta jornada de Champions e Liga Europa
 
Veja quanto pesa cada clube português para as contas do ranking da UEFA, depois dos jogos da quarta jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões e da Liga Europa, desta semana.
Recorde-se que o ranking é calculado com o desempenho dos últimos cinco anos. Os pontos conseguidos por cada equipa (dois por vitória, um por empate, metade destes valores nas pré-eliminatórias) dividem pelo total de equipas participantes.
 
As presenças na fase de grupos e nas rondas a eliminar da Liga dos Campeões rendem pontos de bónus. Na Liga Europa, os bónus só se aplicam a partir dos quartos de final.
 
Contributo das equipas portuguesas nas últimas cinco épocas:
 
Total de pontos: 46,499  
Benfica: 15,665 (33,6%) 
F.C. Porto: 14,083 (30,2%)  
Sporting: 4,917 (10,5%)  
Sp. Braga: 4,500 (9,6%)  
Estoril: 1,750 (3,76%)  
Marítimo: 1,333 (2,86%)  
Belenenses: 1,166 (2,5%)  
Rio Ave: 1,083 (2,33%)  
Académica: 0,667 (1,43%)  
V. Guimarães: 0,667 (1,43%)  
P. Ferreira: 0,500 (1,07%)  
Arouca: 0,1666 (0,35%) 
Nacional: 0 (0%) 
 
 
Época a época  
 
2016/17  
Total: 31,5 pontos a dividir por seis equipas (5,250)  
FC Porto=10,5 (1,750) 
Benfica=9 (1,500)
Sporting=6 (1)  
Sp. Braga=4 (0,666)  
Rio Ave=1 (0,167)  
Arouca=1 (0,167)  
 
2015/16  
Total: 63 pontos a dividir por seis equipas (10,500)  
Benfica= 22 (3,667)
Sp. Braga=15 (2,500) 
FC Porto=11 (1,833)  
Sporting=8 (1,333)  
Belenenses=7 (1,167)  
V. Guimarães=0  
 
2014/15  
Total: 54,5 pontos a dividir por seis equipas (9,083)  
F.C. Porto = 27 (4,500)  
Sporting= 10 (1,667)  
Benfica= 8 (1,333)  
Rio Ave=5,5 (0,917)  
Estoril=4 (0,667)  
Nacional=0  
 
2013/14  
Total: 59,5 pontos a dividir por seis equipas (9.917)  
Benfica=29 (4,833)  
F.C. Porto=16 (2,667)  
Estoril=6,5 (1,083)  
V. Guimarães=4 (0,667)  
Paços de Ferreira=3 (0,500)  
Sp. Braga=1 (0,167)  
 
2012/13  
Total: 70,5 pontos a dividir por seis equipas (11.750)  
Benfica=26 (4,333)  
F.C. Porto=20 (3,333)  
Marítimo=8 (1,333)  
Sp. Braga=7 (1,167)  
Sporting=5,5 (0,917)  
Académica=4 (0,667) 
 

Bas Dost e o agitador Gelson

O campeonato terminou e a época do Sporting, não foi, o que se esperava pelas bandas de Alvalade. Mas no Sporting existiram dois futebolistas que deixaram marcas notórias na Liga. É inquestionável que Bas Dost foi um dos protagonistas desta edição. O holandês é o exemplo mais claro devido aos 34 golos, mas há outro que mesmo sem esses extraordinários números foi recebendo elogios por exibições e pela temporada que fez.
 
Numa época em que os desempenhos colectivos não foram constantes, também algumas das principais figuras tiveram picos e descidas de forma. Ainda assim, justificaram muitas vezes as manchetes deste campeonato e, por isso, aqui fica, ordenada pela ordem de influência.
O goleador da Liga. O holandês chegou a Alvalade para substituir uma das figuras do Sporting dos últimos anos. Os sapatos de Islam Slimani podiam ser grandes para serem calçados por outro, mas Bas Dost não só os encheu como fez melhor do que o argelino. 
 
Foi claramente o protagonista maior em Alvalade, tanto que o leão arrancou para a última jornada apenas a discutir um possível título do ex-Wolfsburgo. Não chegou para os 37 golos de Messi, mas foi melhor do que Jonas fizera na época anterior (32), o que só por si diz muito da época do holandês.
A saída de João Mário trouxe uma coisa boa ao Sporting: Gelson Martins. Principal revelação da época, o extremo-direito chegou à Selecção Nacional fruto de uma temporada em grande nível. Apesar da saída precoce do clube de Alvalade, a própria Europa ficou a olhar para ele. Se Bas Dost foi o matador, Gelson Martins foi o agitador. 
 
Cada vez que pegou na bola, houve um adversário em apuros. Fez 32 jogos com a camisola leonina, apontou seis golos e fez seis assistências, que confirmaram-no como a melhor novidade do futebol nacional.
 
A comprovar o que a cima, escrevemos, está a atribuição dos Prémios CNID – Associação de Jornalistas de Desporto a nomear como Futebolista do Ano – I LIGA 
Bas Dost e Revelação do Ano Gelson Martins, que serão entregues no próximo dia 22 de Maio às 16h 30 no Museu do Desporto à Praça dos Restauradores em Lisboa.
 

 

‘Minirrevolução’ em Alvalade

 

Apesar de ainda existirem muitas indefinições no plantel, no que diz respeito a saídas, as coisas não são bem assim, e existe a intenção de colocar 6 jogadores: Azbe Jug, Douglas, Zeegelaar, Jefferson, Castaignos e Spalvis, que irá representar o Belenenses. 

Por outras palavras, Jorge Jesus não conta com estes elementos e a SAD do Sporting vai tentar rentabilizar o investimento realizado, também com o intuito de aliviar a massa salarial. Em relação ao holandês, existe a convicção de que o mercado inglês pode ser viável. De resto, Zeegelaar esteve perto de sair para o Norwich em Janeiro.

Quanto a mexidas no plantel:

DEFESA

Neste momento, a expectativa da SAD é reforçar o sector mais recuado com, pelo menos, um lateral-esquerdo e outro central, além de André Pinto. Ainda assim, pode haver mais reforços para essas duas posições.

MEIO CAMPO

Já com Mattheus e a possível reintegração de Petrovic, que foi cedido ao Rio Ave na segunda metade da temporada, o reforço do sector intermediário estará sempre dependente de algumas saídas, porque William e Adrien são indiscutíveis. As respostas de Mattheus e Petrovic também vão influenciar a ida ao mercado.  

ATAQUE

No ataque existe a expectativa de contratar mais um avançado e outro extremo, partindo do pressuposto que Gelson Dala, o angolano que tem brilhado pela equipa B, e Iuri Medeiros, que está cedido ao Boavista, vão ser integrados na pré-época. Alan Ruiz e Bas Dost são tidos como fundamentais para 2017/18.

Anda um Galvão a encantar o «soccer»

 

 
Há um português a dar cartas no futebol universitário nos Estados Unidos. Chama-se Martim Galvão, tem 21 anos, fez a formação no Sporting com Gelson Martins, Francisco Geraldes e Daniel Podence, mas uma lesão desviou-o do percurso dos companheiros e acabou por levar Martim para o outro lado do Atlântico. No passado sábado somou a sexta vitória consecutiva pela equipa de Sub-23 do Nashville, com mais um golo, desta vez na marcação de uma grande penalidade. Terá sido o menos vistoso dos quatro golos que o jovem médio ofensivo marcou nos últimos cinco jogos e que têm impressionando o «soccer» norte-americano. Golos espetaculares que levam Martim Galvão a pensar seriamente em apostar ao futebol profissional a curto prazo. As portas estão abertas para um jovem que se destaca pela apurada técnica e pela forma espontânea com que coloca a bola nas redes adversárias.
No sábado à tarde, Galvão Martins defrontou o Peachtree City, no Estado da Geórgia, enquanto, sensivelmente à mesma hora, Gelson Martins brilhava na Amoreira na goleada de Portugal ao Chipre. Dois jogadores que fizeram juntos a formação no Sporting, em Alcochete, mas que tiveram percursos bem diferentes na passagem para seniores. O extremo continua em Alvalade, chegou a internacional, está convocado para a Taça das Confederações, e é atualmente um dos jogadores mais cobiçados do mercado deste verão. A outro nível, Martim Galvão, com a mesma idade, tem dado nas vistas, com golos espetaculares nas ligas universitárias dos Estados Unidos e está, agora, a procurar caminhos para chegar à Major Soccer League (MLS).

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Encontrámos o nosso protagonista em plena digressão pelos Estados Unidos, depois de ter jogado na Geórgia, numa altura em que se preparava para viajar para Carolina do Sul para novo jogo. Poucas horas antes tinha estado a ver a final da Liga dos Campeões, com os companheiros de equipa, num jogo que voltou a consagrar Cristiano Ronaldo e que também fica marcado pelo espetacular golo de Mandzukic. Como a conversa ia andar à volta dos grandes golos de Martim Galvão, começámos a conversa por aí, pela exibição de Ronaldo e pelo golaço do croata ao serviço da Juventus. «Vimos todos juntos aqui, eu e os meus companheiros de equipa, foi uma emoção enorme para mim, como português, ver o Ronaldo decidir uma final como aquela. Impressionante. E aquele golo do Mandzukic? Espetacular», começa por nos contar o jovem jogador que procura a sua sorte nos «states».
Uma história que começa em Telheiras, bem perto do Estádio de Alvalade, onde o pequeno Martim, vivia com a família. Aos 8 anos estudava no Colégio de São João de Brito e, com o verão à porta, inscreveu-se com um grupo de amigos nas «férias desportivas» do Sporting, uma iniciativa que o clube leonino promove todos os anos que permite aos jovens conviverem de perto com os jogadores em Alcochete. Umas férias que acabariam por mudar definitivamente a vida de Martim.
 
«Fui para lá com uns amigos e um dos monitores que estava a coordenar essa campo de férias era treinador do Sporting. Chama-se Pedro Gonçalves e acho que ainda lá está até hoje. Ele gostou muito de mim e de outros dois amigos meus e acabámos por ir fazer duas semanas de treino como avaliação. No final dessas duas semanas, disseram que gostaram muito de nós e queriam que ficássemos. Foi uma grande oportunidade para mim porque era ainda muito jovem e quanto mais cedo aparecem estas oportunidades nos clubes grandes, mais fácil se torna depois continuarmos e fazer o nosso percurso. Foi um campo de férias que mudou grande parte da minha vida», começa por contar.
 
Martim Galvão acabou por fazer praticamente toda a formação em Alcochete, entre 2004 e 2012, ao longo de nove temporadas, até ao último ano de juvenis (sub-17). A última época fica marcada por uma lesão incómoda que afasta Martim da competição de outubro a abril e acaba por ditar o final da experiência no Sporting. «Só consegui jogar um ou dois jogos depois da lesão e no final da época explicaram-me que, como não estava sem ritmo competitivo, seria difícil integrar o plantel júnior no ano seguinte. Mas foram oito ou nove anos muito bons, foi uma aprendizagem brutal», recorda. Para trás ficavam os amigos Francisco Geraldes, Cristian Ponde, Mauro Riquicho, Daniel Podence, Gelson Martins, entre outros.
«Fiquei muito orgulhoso por ver agora o Geraldes e o Podence serem chamados para a fase final do Campeonato da Europa de Sub-21. São dois jogadores com quem mantive contato, são dois amigos que também vão querendo saber como é que me corre a vida aqui. É um orgulho ver os meus amigos a singrar no futebol europeu, como eles têm feito», comenta.
 
Melhor que os dois «amigos» de Martim, está Gelson Martins que, na véspera tinha somado mais uma internacionalização pela Seleção A e está entre os eleitos de Fernando Santos que, dentro de dias, vão disputar a Taça das Confederações. «O Gelson é uma máquina. Só joguei com ele dois anos, mas notava-se que era especial. Já na altura desequilibrava, quer fosse nos treinos, quer nos jogos, ninguém o parava», conta. O jovem extremo do Sporting é agora cobiçado pelos «grandes» da Europa. «É impressionante. É de facto um exemplo a seguir», acrescenta. Martim deixou o Sporting há cinco anos, em 2012, mas mantém contato com muitos dos antigos companheiros. «Ainda agora em março estive em Portugal e fui lanchar com o Podence. Também me dou muito bem com o Domingos Duarte, um amigo importante para mim e que este ano fez época fantástica no Belenenses. Nunca mais me esqueço quando o Domingos ainda estava no Estoril, nos sub-16, e, num jogo em Alcochete, que estava empatado 1-1, eu ia para fazer um golo, mas ele tirou-me a bola em carrinho. Um ano depois estava a jogar comigo no Sporting, mas ainda hoje comentamos esse lance. É um grande central e já na altura não enganava. É um grande orgulho vê-lo agora jogar na I Liga depois de ter chegado ao Sporting com 17 anos. É outro exemplo a seguir», recorda.
 
Martim acaba por ser dispensado do Sporting, aos 17 anos, mas não se deixa abalar e vai para o Real Massamá onde acabou por fazer duas épocas nos escalões de juniores. «A primeira época foi muito boa, joguei praticamente todos os jogos e ficámos a escassos pontos de chegar aos play-off. Foi uma época importante para mim porque consegui jogar consistentemente numa realidade completamente diferente. Estava habituado a outro tipo de condições, a outro tipo de liderança por parte dos treinadores do Sporting, mas também tive sorte porque quando fui para Massamá também apanhei um antigo treinador do Sporting, José Gonçalves, que foi muito importante no meu percurso», destaca.
Mas nesta altura Martim Galvão já hesitava entre o futebol e os estudos. Uma questão que o pressionava porque, na passagem para sénior, ia mesmo ter de tomar opções. «Foram dois anos um bocado difíceis para mim porque não sabia o que havia de fazer, se havia de seguir os estudos ou continuar no futebol. No final do primeiro ano de juniores tive oportunidade para sair para outros clubes, mas acabei por não aceitar porque queria continuar a estudar e tinha entrado num curso pós-laboral na Escola Superior de Comunicação Social. Ia treinar e depois tinha aulas a seguir, das 18 horas até quase à meia-noite. Acabou por ser um ano muito cansativo para mim. Quando cheguei ao fim do ano estava naquela situação em que tinha de integrar o futebol sénior, mas queria continuar a estudar ao mesmo tempo».
 
Tal como tinha acontecido no ingresso no Sporting, Martim voltou a ser surpreendido com uma oportunidade inesperada. «Em meados de janeiro, um amigo falou-me num showcase, um fim de semana de treinos, em Madrid, onde estariam treinadores americanos à procura de talentos no futebol para reforçar as equipas universitárias. Fui mais para fazer companhia ao meu amigo, não estava nos meus planos sair de Portugal, mas no final dessas duas semanas fui abordado por um treinador que me disse que eu tinha qualidades especiais e que podia ser importante para a equipa dele. Quando voltei a Lisboa falei com a minha família e, depois de analisarmos tudo muito bem, acabei por embarcar nesta aventura. Estou cá há três anos e acho que tomei a decisão correta», conta.
Aos 18 anos, Martim Galvão viajou, assim, para a Carolina do Norte, para estudar gestão na Pfeiffer University e integrar a equipa dos Falcons que representava a mesma universidade. O projeto era ambicioso porque o treinador também tinha acabado de chegar e tinha como objetivo tirar a equipa do último lugar do ranking da competitiva liga universitária norte-americana. «O primeiro ano foi difícil, a equipa não era muito boa, tinha tido maus resultados nos anos anteriores, estávamos no 246º lugar do ranking, era a última da nação», conta. No entanto, com a chegada de Martim Galvão e de outros estrangeiros, o novo treinador revolucionou a equipa e os resultados foram surpreendentes. «Em dois anos acabámos por levar a equipa ao topo e ganhámos o campeonato da Carolina do Norte em 2015. Foi um percurso impressionante e o mérito é todo do treinador que trouxe jogadores de toda a parte do mundo. Tínhamos quinze ou dezasseis estrangeiros e o ambiente internacional que se vivia na equipa acabou por ser muito forte», destaca.
 
Martim Galvão adaptou-se rapidamente e, no final do primeiro ano, sugeriu ao treinador a contratação de um guarda-redes, o amigo Tomás Correa. «A época correu-me bem individualmente, marquei oito golos e fiz dez assistências em 18 jogos. Acabei por ter o à vontade para falar com o treinador e pedir que olhasse para o meu amigo português que tinha jogado no Benfica e no Belenenses. Era um amigo de infância, crescemos juntos e foi muito importante ele ter integrado a nossa equipa em 2015. Não podia ter sido melhor para ele porque na época em que chegou fomos campeões. Foi chegar, ver e vencer», acrescenta.
No final dessa época, Martim Galvão é eleito para a equipa da Conferência e selecionado para o «draft» universitário. Acabou por ser selecionado para fazer a pré-época no Tampa Bay Rowdies e jogar ao lado de profissionais, numa equipa que contava com jogadores credenciados vindos da Europa. «Aprendi muito nessas duas semanas. Foi uma experiência fantástica partilhar o balneário e aprender com jogadores que já jogaram na Premier League, como o Joe Coe, Neill Collins e o Martin Vingaard». Nessa curta experiência em Tampa, Martim Galvão participa na Florida Cup e reencontra o amigo Rafael Ramos, antigo companheiro do Sporting e do Real Massamá que agora joga no Orlando City. «Apesar de terem sido só duas semanas, foi muito interessante porque fiz uma boa performance e tive a oportunidade de estar próximo do meu amigo Rafa. Foi uma experiência muito enriquecedora porque o nível era elevado e consegui corresponder. Foi um fator motivante para mim, para continuar a perseguir o meu sonho», conta.
 
Já em maio deste ano, Martim Galvão aproveitou a pausa nos campeonatos universitários para tentar a sua sorte numa liga de verão que lhe pode abrir novas portas. «É uma liga que se chama Premier Development League que dá oportunidade para os jogadores sub-23 para se manterem em forma antes da época das faculdades e, ao mesmo tempo, para procurarem vagas nas equipas profissionais. É uma liga que está associada à USL (United Soccer League) que corresponde à II Liga, logo abaixo da Major Soccer League (MLS).
 
Em 2016 Martim jogou no Ocean City Nor'easters e chegou às meias-finais da liga de verão, enquanto este ano está lançado no Nashville com seis triunfos consecutivos. «É o meu segundo ano nesta liga e aconselho qualquer miúdo que tenha aspirações a vir jogar para aqui. Conheço vários portugueses que jogam cá em algumas faculdades e aconselho-os a aproveitar esta oportunidade, para procurarem ter sucesso», conta.
Martim Galvão deixou, assim, temporariamente, a Carolina do Norte e percorreu 700 quilómetros até ao Tennessee, para representar o Nashville no último mês. «Deram-me todo o tipo de condições, arranjaram-me um apartamento, dão-me comida, tenho tudo para jogar ao melhor nível. É uma liga muito bem estruturada por isso é que há tantos jogadores a procurar a sua oportunidade nesta liga», acrescenta.
 
Martim Galvão é um deles e pretende agarrar esta oportunidade com as duas mãos, até porque o Nashville prepara-se para integrar a United Soccer League, o tal segundo escalão do futebol norte-americano. «Estas seis vitórias seguidas dão-nos alento e fazem-nos sonhar mais alto». Quatro jogos em casa e agora outros quatro fora de casa, com o objetivo de chegar aos play-off que estão marcados para agosto. «Com este forte arranque da época, estamos a pensar chegar lá, achamos que é possível». Nos primeiros jogos em casa, a equipa de Martim Galvão jogou num campo de futebol americano, com marcações «esquisitas» para os adeptos europeus. «Não estava nada à espera de jogar num campo daqueles, é um pouco estranho, porque às vezes ficamos desorientados dentro de campo. Foi uma experiência diferente, mas quando voltarmos a casa, depois destes jogos fora, vamos jogar noutro campo, já com as marcações normais», conta.
 
Neste percurso, como já dissemos, Martim Galvão destacou-se com golos de belo efeito que atraíram os olhares das equipas profissionais. «Claro que sim, foram golos importantes para a nossa equipa neste início de época. Tenho quatro golos e quatro assistências em cinco jogos. É um reconhecimento que me deixa feliz, gosto muito de Portugal, gostava de ter notoriedade no meu país mas, não sendo possível, é sempre bom ver que alguém acompanha o meu trabalho e que posso mostrar o meu talento. Espero que continuem a seguir o meu percurso, é importante que Portugal mantenha os olhos nos jogadores que singram lá fora», comenta. Os golos fizeram furor nas redes sociais e atraíram também os portugueses. «Recebi muitas chamadas, muita gente a querer falar comigo e a dar-me os parabéns, é sempre bom perceber que as pessoas ainda querem conhecer o meu percurso nos Estados Unidos, porque não é fácil deixar o país. Estes três anos não foram fáceis, mas ver o meu trabalho reconhecido desta foram deixa-me feliz, motivado e confiante para o futuro», conta.
Há poucos meses, Martim Galvão foi selecionado para o draft e esteve muito perto de conseguir um contrato profissional. «É uma semana em que fazemos três jogos e estão presentes os melhores oitenta jogadores de todas as ligas que se reúnem em Los Angeles. Eu e um colega da minha equipa, que é o nosso melhor marcador, acabámos por sermos os únicos da II Divisão a ser chamados para o draft. Foi uma experiência muito boa, tive todos os treinadores da MLS a olhar para mim. Honestamente, achei que podia ter uma oportunidade numa equipa da MLS. Acabou por não acontecer, mas haverá outros caminhos para lá chegar e vou continuar a trabalhar para que a oportunidade apareça», recorda.
 
A ambição máxima de Martim era ser chamado pelo Orlando City, onde joga o amigo e antigo companheiro Rafael Ramos. «Estivemos seis anos juntos no Sporting e gostava de voltar a jogar com ele, seria fantástico. Ele ainda jogou comigo no Real e no segundo ano de júnior ainda foi para o Benfica antes de vir para aqui para os Estados Unidos», destaca.
 
Até agosto, Martim Galvão tenciona continuar a jogar pela equipa de sub-23 do Nashiville, mas depois terá de mudar de universidade para voltar a jogar no mesmo escalão. «Ainda não sei como vai ser o meu futuro, a minha faculdade vai descer de divisão porque teve algumas dificuldades financeiras, portanto já não será tão interessante para mim, terei de procurar outra faculdade se quiser jogar no mesmo escalão, mas o meu objetivo passa mesmo por encontrar uma equipa profissional. Se tudo correr bem espero conseguir esse objetivo até agosto. Já tenho recebido alguns contatos, até para jogar no estrangeiro, mas nada está ainda decidido. Queria fazer este último ano no futebol universitário, tem sido uma experiência muito boa e queria acabar o meu curso. Mas se conseguir integrar o futebol profissional brevemente não digo que não», refere.
Uma lesão aos 17 anos levou Martim Galvão a um percurso bem distinto do habitual e bem diferente do que os antigos companheiros do Sporting continuam a protagonizar. «Eles estão a outro nível, são jogadores de referência e que podem integrar qualquer equipa europeia porque têm um valor brutal. Não tive a oportunidade de passar pelas mesmas experiências que eles tiveram porque integrar o plantel de juniores numa equipa como o Sporting e passar para o plantel sénior, ainda que tenham sido emprestados, é uma experiência muito importante. Eles tiveram essa oportunidade, trabalharam imenso e têm mérito total pelo que têm feito até hoje», comenta.
 
Martim Galvão teve de procurar caminhos alternativos mas, aos 21 anos, ainda não abdicou do sonho de chegar ao futebol profissional. «Tive de procurar outros caminhos fora do Sporting. Estive oito anos da minha vida a jogar com os melhores do meu país, isso fez-me crescer como jogador, mas depois não ter esse tipo de concorrência e competitividade em treinos e jogos acabou por afetar o meu crescimento como jogador, mas acredito que trabalhando como tenho vindo a fazer e mantendo-me confiante acho que posso vir a integrar equipas profissionais e, quem sabem, jogar em Portugal. Tive de encontrar outros caminhos e aqui nos Estados Unidos posso ter essa oportunidade. Se conseguir assinar um contrato profissional poderei aproximar-me desses jogadores por quem tenho uma grande admiração», contou ainda.
 
Tal como na passagem para sénior, Martim Galvão volta a estar pressionado para encontrar uma equipa, mas sem descurar os estudos. «Ainda me faltam umas cadeiras para acabar o curso, mas o meu futuro está ainda indefinido, entre o futebol e a gestão. À partida, se tudo correr bem, consigo acabar o meu curso online, já não me faltam muitas aulas», conta o jovem médio que, um dia, gostava de ter uma oportunidade para jogar no seu país. «Claro que gostava de voltar, acho que Portugal é um país fantástico, adoro a cidade de Lisboa e, se tivesse uma oportunidade para jogar a nível profissional, não hesitava», destacou ainda Martim Galvão.
 

 

O CAMINHO DA FORMAÇÃO: HORA DE SOLTAR O TALENTO 'MADE IN' ALCOCHETE

Por: Pedro Bouças

É verdade que Jorge Jesus poderia ter aproveitado de forma diferente Bernardo Silva ou até André Gomes aquando da sua passagem pelo rival Benfica. E até há um fundo de verdade na forma como demasiadas vezes desdenha os produtos mais jovens provenientes das academias de formação.
 
Porém, tal sempre em função de um critério que deveria ser inatacável, uma vez que se preocupa sempre em utilizar os melhores. E no Benfica sempre teve melhor que Bernardo ou André, no momento em que estes coabitaram o Seixal consigo. Sempre mais virado para o resultado imediato do que para o preparar o futuro. Exigências próprias dos clubes onde viveu nos últimos anos. A cobrança sempre a ser a do resultado, e não a do potenciar os talentos da formação.
 
De repente em Tondela, fruto de lesões e castigos, oportunidade para alguns miúdos da formação. E um resultado encantador. Não somente o final expresso no resultado, mas o do caminho, visível nos processos de jogo.
A entrada de Podence trouxe a imprevisibilidade e variabilidade que tanto carecia o ataque leonino. Um só elemento a revolucionar todo um modelo pela capacidade que muito poucos como ele têm de comer metros com bola no pé. De ultrapassar oposição, de pedir bola no pé mas também no espaço.
 
Há no Sporting um leque de jovens jogadores que poderão na temporada vindoura colocar de novo a equipa leonina no caminho do título.
Da qualidade e potencial inegável de Podence, ao extraordinário nível técnico de Matheus, passando pelas decisões, criatividade de Iuri Medeiros e pela competência de Francisco Geraldes a ligar todo o jogo ofensivo, não ignorando o talento de Gelson Martins, talvez seja o momento de se perceber que é hora de se apostar no talento 'made in' Alcochete.
 
Não por eventuais necessidades financeiras. Não por estranhos 'fetiches' com jogadores somente porque o critério seja o terem crescido a vestir o leão ao peito, mas porque efetivamente, são bons. São melhores. Pode finalmente Jorge Jesus 'casar' uma aposta na prata da casa, por competência e não somente por necessidade, e ainda assim apresentar uma forte candidatura ao título na próxima época.
 
Ajudará possibilitar que os miúdos continuem a ter tempo de jogo. Só competindo, errando e acertando na presente época, poderão estar ainda mais preparados para o que virá.

QUANTO CONTRIBUIU CADA CLUBE PARA O RANKING DE PORTUGAL NA UEFA

Ciclo de cinco anos encerra-se e o nosso país perde uma equipa na Champions em 2018/19
A derrota do FC Porto em Turim, esta terça-feira, ditou o fim das equipas portuguesas nas competições europeias desta época. Além disso, e pior que tudo, confirmou aquilo que há muito are anunciado: em 2018/19, Portugal perderá uma equipa na Liga dos Campeões. Apenas o campeão terá acesso direto à fase de grupos, enquanto o segundo classificado terá de jogar a partir da 3.ª pré-eliminatória.
Este novo desenho resulta do coeficiente acumulado pelas equipas portuguesas em provas da UEFA nas últimas cinco temporadas. Para estes efeitos, as vitórias valem dois pontos e os empates valem um - valores reduzidos a metade em jogos de pré-eliminatórias ou playoff. Além disso, há ainda bónus de qualificação para os oitavos-de-final da Champions (cinco) e para cada ronda atingida depois dos quartos de final de ambas as provas.
Fizemos as contas e mostramos-lhe agora quem foram os clubes que contribuiram para este ciclo de cinco anos que se encerrou com a derrota do FC Porto. No total, houve 13 emblemas portugueses a disputar jogos europeus, sendo que apenas um (o Nacional) não deu qualquer ponto. O Benfica lidera, com um total de 102 pontos (mais 9,5 do que o FC Porto), embora os dragões tenham sido a melhor equipa do último ano (18,5 contra 17 das águias).
 
Para se obter o coeficiente do país em cada temporada, é necessário somar o total de pontos obtidos pelos emblemas do país e depois dividi-lo pelo número de equipas nacionais que iniciaram Liga dos Campeões ou Liga Europa.
Isso ajuda a explicar as permanentes mudanças de posição entre França, Portugal, Rússia e até Ucrânia: quanto mais equipas têm em prova, mais difícil é subir o coeficiente. Em termos práticos, traduz-se nisto: partir do momento em que o nosso país tenha cinco representantes nas provas europeias, cada ponto acumulado valerá 0,200 pontos para o coeficiente; neste momento, com seis equipas, cada ponto vale 0,166 no coeficiente.

'ELEIÇÕES' PARA O BANCO DO SPORTING

 
Jorge Jesus é o homem de Bruno de Carvalho, o espanhol Juande Ramos será o sucessor caso Pedro Madeira Rodrigues vença as eleições de sábado. Por isso, vale a pena ver o que separa os dois treinadores que 'irão' também às urnas.
 
O treinador espanhol não precisará de uma revolução no plantel para ter quem encaixe nas suas ideias, sobretudo se pensarmos naquilo que foram as suas ideias no último projeto em Espanha, o Málaga. Parte no momento defensivo do mesmo sistema de Jorge Jesus, ainda que com um nível de detalhe diferente. Ofensivamente, a disposição é diferente em cada linha.
 
 
MOMENTOS DEFENSIVOS (4x4x2)
 
Linha de avançados a complementar-se. Um controla o médio-defensivo adversário e o outro posiciona-se mais próximo do central do lado da bola, para retirar possibilidades de circulação à equipa adversária. A linha média nem sempre está concentrada (próxima) em largura, consentindo alguns passes para as suas costas. A distância entre linha defensiva e média é preservada. Dependendo do jogo e do resultado, a estratégia passa por ser uma equipa pressionante na construção adversária (quando defesas adversários têm bola), ou por convidar à progressão para depois de recuperar haver espaço nas costas da defensiva para explorar.
 
Diferenças maiores para Jorge Jesus: 
 
Maior liberdade nos posicionamentos. Equipa menos junta nos momentos defensivos. 
 
Vantagens: 
 
Após recuperação tem chegada mais rápida ao posicionamento ofensivo. Está sempre preparado para a transição ofensiva. 
 
Desvantagens: 
 
Menos entreajuda defensiva. Jogadores a dependerem mais da sua mais valia individual para resolver os problemas que enfrentam em momento defensivo.
 
 
 
MOMENTOS OFENSIVOS (2x4x3x1)
 
Muito dinâmica em ataque posicional. Construção a cabo dos dois defesas-centrais. Lateral do lado da bola na linha ofensiva nas costas do avançado centro, lateral do lado oposto mais projetado com os centrais, mas mais próximo da linha dos médios. Um dos avançados no momento defensivo baixa metros quando a equipa tem bola e integra linha do meio. Nas costas do avançado centro posiciona-se à sua esquerda, mas no corredor central o ala esquerdo, e à sua direita, também no corredor central o ala direito. Largura fica a cabo do defesa lateral que assume um posicionamento muito ofensivo com bola no seu lado.
 
Assim: 2 (centrais), 4 (3 médios e lateral do lado oposto à bola), 3 (dois alas no espaço interior e lateral do lado da bola no espaço exterior), 1 (Avançado centro).
 
Primazia por sair sempre com bola no chão, através de futebol apoiado, procurando fazer a bola chegar a zonas mais prometedoras (espaço entre linhas adversário).
 
Diferenças maiores para Jorge Jesus: 
 
Maior liberdade nos posicionamentos e nas possíveis decisões a tomar com bola. 
 
Vantagens: 
 
Jogo menos passível de ser descortinado porque a aleatoriedade é maior. Mais passível de se colocar criatividade individual em cima das acções colectivas. 
 
Desvantagens: 
 
Jogo mais caótico. Necessitará de maior capacidade de interpretação de cada lance, porque cada situação de jogo repete-se menos vezes do que no modelo ultra controlado de Jorge Jesus. Momentos a ligarem-se com menor harmonia, porque a liberdade consentida poderá trazer equipa menos preparada para a perda da posse e para o ligar os momentos de jogo.
 
 
BOLAS PARADAS
 
Sempre com método misto (ocupar zona com marcação individual) nas bolas paradas defensivas, mas com primazia pelas marcações individuais. Nos cantos defensivos poucos elementos na zona. Nos livres a disposição altera-se, dando maior primazia à zona. Mas também ai, cada jogador 'agarra' quem cai na sua zona.
 
Diferenças maiores para Jorge Jesus: 
 
Com o atual treinador leonino a defesa das bolas paradas é sempre zona. No máximo acrescentará uma marcação individual. Porém, somente se o adversário tiver alguém que seja uma mais valia inquestionável no ar.
 
Vantagem: 
 
Maior responsabilidade individual. 
 
Desvantagens: 
 
Passível de se criar engodos, afastando os defesas da zona para onde se pretenderá colocar a bola.
 
 
 
Tacticamente, naquilo que são as ideias gerais de cada um dos treinadores, há muitas semelhanças, pelo que bem possivelmente as opções relativas ao onze inicial nunca seriam demasiado diferentes. Talvez a maior ligação que o segundo avançado faz com o setor médio no modelo de Juande Ramos, aproxime Francisco Geraldes da equipa em detrimento de um mais fixo Alan Ruiz. Com a entrada de um elemento que ligue também no seu posicionamento o sector médio com o avançado, a possível opção por um extremo de maior desequilíbrio individual (Podence), ignorando a capacidade para ligar o jogo ofensivo de Bryan Ruiz.
 
Possível onze de Juande Ramos com o atual plantel:
 

ESPECIAL 'OPERAÇÃO ELEIÇÕES'

Todos os passos do dia

Cronologia:
 
9H – Abertura das urnas
 
10H – Primeira atualização 
de número de votantes
 
14H – Segunda atualização 
de número de votantes
 
19H – Encerramento das urnas 
e última atualização de número de votantes
 
22H – Estimativa máxima do anúncio 
do vencedor
 
Informações relevantes:
 
- Estarão disponíveis 40 mesas de voto
- Jaime Marta Soares fará as atualizações
 
- Votos por correspondência 
chegarão até 6ª feira
 
- Votos por correspondência tratados 
a partir das 10 horas de dia 4
 
- Cruzamento dos votos por correspondência será feito após 
o encerramento das urnas
 
- Possibilidade de voto até às 19 horas; 
ato só será encerrado após o último 
sócio votar
 
- Sporting TV deve garantir momentos da votação dos candidatos
 
Posse não é imediata
 
Aconteça o que acontecer no sábado, não há dúvidas de que no dia seguinte o treinador que estará no banco do Sporting será Jorge Jesus. Por uma questão de bom senso, até porque o jogo com o V. Guimarães terá lugar menos de 24 horas depois de ser conhecido o vencedor das eleições, mas também porque a tomada de posse dos novos órgãos sociais não é imediata, aliás como não o foi em 2013, uma vez que o antigo ato de proclamação imediato ao anúncio dos resultados deixou de vigorar após as recentes revisões estatutárias. Ou seja, mesmo que Madeira Rodrigues vença, o presidente em exercício, domingo, continuará a ser Bruno de Carvalho. Dizem os actuais estatutos, no artigo 47º que "a investidura terá lugar nos 15 dias seguintes ao do termo do ato eleitoral."

 

INÁCIO 'CONTRA' JESUS: CONCORDAMOS… EM DISCORDAR

O historial de confrontos entre os dois treinadores

Sporting e Moreirense medem forças este domingo, em encontro da 21.ª jornada da I Liga. O jogo marca o reencontro entre Jorge Jesus e Augusto Inácio. Os dois técnicos vão defrontar-se pela oitava vez, com vantagem para Jesus.
 
Este é um duelo de altos e baixos, de paz mas também de ´guerra` em alguns momentos entre os dois treinadores. Os dois técnicos já se sucederam em várias equipas, pelo que a relação entre ambos nem sempre foi a melhor. A ida de Jesus para o Sporting acabou por trazer um pouco de paz nas palavras de ambos. Augusto Inácio era o Diretor Geral para o Futebol do Sporting mas, com a chegada de Jesus, foi ´despromovido` para o cargo de Diretor das Relações Internacionais do clube verde-e-branco. Esta época, o antigo lateral esquerdo do Sporting mas também do FC Porto pegou no Moreirense e levou-o até a vitória na Taça da Liga.
 
O primeiro bate-boca entre Jesus e Inácio aconteceu em 1997. Augusto Inácio deixou o Felgueiras em boa posição para subir à primeira Liga e foi treinar o Marítimo que estava no escalão superior. Jesus foi ocupar o seu lugar mas acabou por não conseguir a promoção. No final da época, o atual técnico do Sporting disse que se "tivesse entrado mais cedo" o Felgueiras tinha conseguido a subida. A declaração não caiu bem em Augusto Inácio, o que levou a que a relação entre ambos azedasse. "O que esse senhor fez não merece o meu respeito", disse, na altura, Inácio, numa entrevista a um jornal desportivo.
 
Os caminhos dos dois treinadores voltariam a cruzar-se no Minho mas agora no maior clube da cidade de Guimarães. Augusto Inácio saiu do Vitória de Guimarães no final de 2003, deixando os ´conquistadores` numa posição crítica na tabela. Jesus foi o homem escolhido para ocupar o seu lugar, tendo conseguido a manutenção na I Liga. Apesar da permanência, viria a sair no final da época já que nunca conquistou a exigente plateia vimaranense.
 
A título de curiosidade, os dois técnicos coincidiram em Alvalade como jogadores em 1975/1976. Inácio viria a ter mais sucesso com a bola nos pés.
 
A respeito do jogo de domingo entre ambos, compilamos uma série de declarações dos dois treinadores depois dos jogos entre ambos.
 
Liga 1999/2000, 21ª jornada
 
E. Amadora-Sporting, 0-0
Os leões não vão além de um empate num jogo de muita luta e pouco futebol. Jesus regozija-se por ter travado o adversário, enquanto Inácio lamenta o excesso de faltas dos jogadores rivais
 
JESUS: "A tática sobrepôs-se à técnica"
 
INÁCIO: "Afinal o Estrela é que tem muitos jogadores manhosos…"
 
Liga 2001/02, 12ª jornada
 
V. Guimarães-V. Setúbal, 0-0
Neste duelo de Vitórias, ninguém leva a melhor mas ambos reclamam ter estado por cima… Inácio acusou Jesus de jogar para o ponto mas este refutou o argumento por completo
 
INÁCIO: "A haver um vencedor teria de ser o V. Guimarães porque o adversário desejou sempre o empate"
 
JESUS: "Fomos uma equipa de risco! Se alguém tentou e procurou ganhar taticamente este jogo, foi o V. Setúbal"
 
Liga 2003/04, 22ª jornada
 
V. Guimarães- Belenenses, 0-1
Os vimaranenses de Jesus jogam mais futebol mas são os azuis de Inácio que levam a melhor, afundando o Vitória no penúltimo lugar da classificação
 
JESUS: "O Belenenses nada fez para ganhar!"
 
INÁCIO: "Fomos impecáveis taticamente! A nossa vitória é incontestável"
 
Liga 2004/05, 31ª jornada
 
Moreirense-Beira-Mar, 0-0
Os velhos rivais defrontam-se com a ‘corda na garganta’. Empatam e apertam o nó um do outro rumo à descida de divisão. Pelo caminho tornam a trocar acusações…
 
INÁCIO: "O que ele fez hoje foi copiar o que eu faço!"
 
JESUS: "Isso é conversa da treta! É fácil de ver quem plagia quem…"
 
Liga 2009/10, 10ª jornada
 
Benfica-Naval, 1-0
Jesus precisou de esperar pelo minuto 89 para levar a melhor sobre o velho rival Inácio. Javi García salvou as águias depois de um jogo com mais transpiração do que inspiração
 
JESUS: "Dada a qualidade que apresentámos, era injusto não ganharmos. Este jogo só teve um sentido"
 
INÁCIO: "O Benfica tem uma grande equipa e mereceu vencer, mas não foi melhor do que a Naval"
 
Liga 2009/10, 25ª jornada
 
Naval-Benfica, 2-4
Os figueirenses pregam valente susto nas águias, que já estavam a perder por dois aos… 12 minutos deste jogo. Tanto que pela primeira vez em largos anos ouviu-se um… elogio de Jesus
 
JESUS: "O Benfica é um justo vencedor, mas quero sublinhar que a Naval é uma equipa muito boa que conseguiu confundir o Benfica nos minutos iniciais"
 
INÁCIO: "Foi pena mas quero registar que a Naval não precisa de autocarros. Até parece que é a única equipa em Portugal que joga de uma forma defensiva"
 
Liga 2012/13, 30ª jornada
 
Benfica-Moreirense, 3-1
Jesus volta a bater Inácio. As conferências são de cortar à faca mas as guerras são outras… Jesus acabara de perder campeonato e Liga Europa na mesma semana; Inácio despedia-se rumo ao Sporting… com uma descida de divisão
 
JESUS: "O Benfica não morreu na praia. Há muitos que morrem afogados a meio da prova e nem à praia chegam. O FC Porto ganhou uma competição enquanto o Benfica esteve em todas as frentes até ao fim"
 
INÁCIO: "Há clubes com ordenados em atraso, mas os jogadores assinam papéis a dizer que não. E desce um clube que não deve nada a ninguém. O campeonato não é sério…"