Cristiano Ronaldo saiu por menos de 10 milhões de euros
03-10-2015 14:06
O Sporting encaixou menos de 10 milhões de euros com a venda do melhor jogador do Mundo,Cristiano Ronaldo. Esta é uma das conclusões que se retira da auditoria de gestão prometida, durante a campanha, por Bruno de Carvalho, realizada pela Mazars e ontem divulgada pelo site Football Leaks. O negócio envolveu 15 milhões de euros (que são públicos), dos quais 35 por cento reverteram para um fundo de investimento (First Portuguese FootballFund) que, no momento da alienação, teve direito a receber 5,3 milhões.Ou seja, na prática, o fundo multiplicou por oito o investimento inicial de 600 mil euros feito na carreira do talento madeirense. Nos cofres de Alvalade ficaram pouco mais de 9,7 milhões de euros, o que a esta distância parece irrisório, tendo em conta a evolução do camisola 7 da Seleção Nacional.
O relatório final da auditoria de gestão revela ainda outros números interessantes, relacionados com aquisições, vendas e salários de jogadores, no período entre 1995 e 2013. Por exemplo, o valor que os leões pagaram pela contratação de João Pinto, um jogador livre, que em comissões e prémios de assinatura custou ao Sporting 4,8 milhões de euros, ficando a auferir um salário (bruto) considerável para a época: 1,6 milhões de euros.
Há outros valores ainda mais difíceis de explicar, como os envolvidos na contratação de Facundo Quiroga – 6 milhões de euros por 50 por cento do passe, parece exagerado, tratando-se de um defesa-central, jovem, sem qualquer experiência no futebol europeu.Sairia para o Wolfsburgo, em 2004, a troco de 1,5 milhões de euros, dos quais o Sporting terá recebido apenas... metade.
Em sentido contrário encontra -se Aldo Duscher, que, curiosamente, chegou a Lisboa no mesmo avião que transportou Quiroga.O médio foi muito mais valorizado, tornando-se mesmo no segundo jogador mais ‘valioso’ dos mandatos de Santana Lopes e José Roquette.Duscher custou 2,3 milhões e rumou à Corunha por 12,3. Um lucro de 10 milhões de euros, mais do que Cristiano Ronaldo deixou nos cofres do clube.
Godinho gastou 62 milhões a investir no plantel
Apesar de os valores individuais das transferências não serem especificados nos documentos disponibilizados no site Football Leaks, a verdade é que Godinho Lopes gastou, em apenas duas temporadas incompletas, 62,06 milhões de euros em aquisições de jogadores, dos quais 9,34 milhões são referentes a comissões a intermediários. Neste contexto específico, o destaque vai para Elias, internacional brasileiro que terá custado ao Sporting qualquer coisa como 11 milhões de euros. Em contrapartida, durante o mandato de Godinho Lopes, o Sporting angariou 27,68 milhões em vendas.
A auditoria de gestão chama ainda a atenção para o facto de a folha salarial do plantel ter aumentado drasticamente com a entrada de Godinho Lopes em cena, "contribuindo decisivamente para o agravamento do desequilíbrio, não tendo sido compensada com o aumento das receitas geradas".
FACTOS E NÚMEROS
José E. Bettencourt
Presidente do Sporting durante uma época e meia (de 5 de junho de 2009 a 15 de janeiro de 2011), José Eduardo Bettencourt gastou durante o seu mandato 28,7 milhões de euros, com o Sporting a encaixar 20,7 milhões. A sua passagem por Alvalade fica marcada pela saída do então capitão de equipa, João Moutinho, médio que rumou ao FCPorto por 11 milhões de euros.
Filipe Soares Franco
Empresário e gestor de empresas, Filipe Soares Franco liderou o Sporting durante três temporadas (desde 2006 até 2009) , pautando o seu mandato pelo rigor nas contas leoninos: 33,8 milhões de euros em aquisições e 35,3 milhões de euros em vendas de ativos, com especial destaque para a saída de Nani, por 25 milhões de euros, para o Manchester United (2006/07).
Dias da Cunha
Foi presidente do Sporting durante cinco anos (de 2000 a 2005), registando um dos mais altos investimentos no plantel (62,5 milhões de euros), mas compensando este facto com um papel ativo nas saídas (46,2 milhões). Oseu mandato fica marcado pela conquista do título, em 2001/02. Foram ainda inauguradas duas obras que vieram do mandato de Roquette: a Academia e o novo estádio.
Santana Lopes e José Roquette
O nascimento da SAD coincidiu com um forte investimento na área do futebol, que resultaria na conquista de um campeonato nacional (1999/2000) e no lançamento dos alicerces para o segundo título (2001/02). Para tal, Santana Lopes, primeiro, e José Roquette, depois, gastaram quase 90 milhões de euros, dos quais 17 milhões foram para os bolsos de intermediários. Contratações falhadas como Kmet, Hanuch ou Krpan foram compensadas por outras, como João Pinto, Pedro Barbosa e Mpenza, que acabariam por tornar-se determinantes a troco de 10,3 milhões.