'ELEIÇÕES' PARA O BANCO DO SPORTING

 
Jorge Jesus é o homem de Bruno de Carvalho, o espanhol Juande Ramos será o sucessor caso Pedro Madeira Rodrigues vença as eleições de sábado. Por isso, vale a pena ver o que separa os dois treinadores que 'irão' também às urnas.
 
O treinador espanhol não precisará de uma revolução no plantel para ter quem encaixe nas suas ideias, sobretudo se pensarmos naquilo que foram as suas ideias no último projeto em Espanha, o Málaga. Parte no momento defensivo do mesmo sistema de Jorge Jesus, ainda que com um nível de detalhe diferente. Ofensivamente, a disposição é diferente em cada linha.
 
 
MOMENTOS DEFENSIVOS (4x4x2)
 
Linha de avançados a complementar-se. Um controla o médio-defensivo adversário e o outro posiciona-se mais próximo do central do lado da bola, para retirar possibilidades de circulação à equipa adversária. A linha média nem sempre está concentrada (próxima) em largura, consentindo alguns passes para as suas costas. A distância entre linha defensiva e média é preservada. Dependendo do jogo e do resultado, a estratégia passa por ser uma equipa pressionante na construção adversária (quando defesas adversários têm bola), ou por convidar à progressão para depois de recuperar haver espaço nas costas da defensiva para explorar.
 
Diferenças maiores para Jorge Jesus: 
 
Maior liberdade nos posicionamentos. Equipa menos junta nos momentos defensivos. 
 
Vantagens: 
 
Após recuperação tem chegada mais rápida ao posicionamento ofensivo. Está sempre preparado para a transição ofensiva. 
 
Desvantagens: 
 
Menos entreajuda defensiva. Jogadores a dependerem mais da sua mais valia individual para resolver os problemas que enfrentam em momento defensivo.
 
 
 
MOMENTOS OFENSIVOS (2x4x3x1)
 
Muito dinâmica em ataque posicional. Construção a cabo dos dois defesas-centrais. Lateral do lado da bola na linha ofensiva nas costas do avançado centro, lateral do lado oposto mais projetado com os centrais, mas mais próximo da linha dos médios. Um dos avançados no momento defensivo baixa metros quando a equipa tem bola e integra linha do meio. Nas costas do avançado centro posiciona-se à sua esquerda, mas no corredor central o ala esquerdo, e à sua direita, também no corredor central o ala direito. Largura fica a cabo do defesa lateral que assume um posicionamento muito ofensivo com bola no seu lado.
 
Assim: 2 (centrais), 4 (3 médios e lateral do lado oposto à bola), 3 (dois alas no espaço interior e lateral do lado da bola no espaço exterior), 1 (Avançado centro).
 
Primazia por sair sempre com bola no chão, através de futebol apoiado, procurando fazer a bola chegar a zonas mais prometedoras (espaço entre linhas adversário).
 
Diferenças maiores para Jorge Jesus: 
 
Maior liberdade nos posicionamentos e nas possíveis decisões a tomar com bola. 
 
Vantagens: 
 
Jogo menos passível de ser descortinado porque a aleatoriedade é maior. Mais passível de se colocar criatividade individual em cima das acções colectivas. 
 
Desvantagens: 
 
Jogo mais caótico. Necessitará de maior capacidade de interpretação de cada lance, porque cada situação de jogo repete-se menos vezes do que no modelo ultra controlado de Jorge Jesus. Momentos a ligarem-se com menor harmonia, porque a liberdade consentida poderá trazer equipa menos preparada para a perda da posse e para o ligar os momentos de jogo.
 
 
BOLAS PARADAS
 
Sempre com método misto (ocupar zona com marcação individual) nas bolas paradas defensivas, mas com primazia pelas marcações individuais. Nos cantos defensivos poucos elementos na zona. Nos livres a disposição altera-se, dando maior primazia à zona. Mas também ai, cada jogador 'agarra' quem cai na sua zona.
 
Diferenças maiores para Jorge Jesus: 
 
Com o atual treinador leonino a defesa das bolas paradas é sempre zona. No máximo acrescentará uma marcação individual. Porém, somente se o adversário tiver alguém que seja uma mais valia inquestionável no ar.
 
Vantagem: 
 
Maior responsabilidade individual. 
 
Desvantagens: 
 
Passível de se criar engodos, afastando os defesas da zona para onde se pretenderá colocar a bola.
 
 
 
Tacticamente, naquilo que são as ideias gerais de cada um dos treinadores, há muitas semelhanças, pelo que bem possivelmente as opções relativas ao onze inicial nunca seriam demasiado diferentes. Talvez a maior ligação que o segundo avançado faz com o setor médio no modelo de Juande Ramos, aproxime Francisco Geraldes da equipa em detrimento de um mais fixo Alan Ruiz. Com a entrada de um elemento que ligue também no seu posicionamento o sector médio com o avançado, a possível opção por um extremo de maior desequilíbrio individual (Podence), ignorando a capacidade para ligar o jogo ofensivo de Bryan Ruiz.
 
Possível onze de Juande Ramos com o atual plantel: